segunda-feira, novembro 09, 2015

Minha irmã, de Ursula Meyer ***

Diferente do seu filme anterior, “Home” (2008), obra que por vezes enveredava por uma abordagem que beirava o delirante, em “Minha irmã” (2012) a diretora Ursula Meyer optou por uma vertente cinematográfica bem definida, o realismo social. Dentro desse gênero, a cineasta pouco ousa em termos formais e temáticos – estão lá todos os preceitos inerentes a tal estilo (a narrativa seca, a encenação naturalista, a discreta trilha sonora que sublinha sutilmente algumas cenas, a temática a combinar o olhar intimista e uma trama a expor as mazelas econômicas e comportamentais da sociedade ocidental capitalista). Se por um lado a produção em questão não traz nada de novo em sua estética, por outro é inegável que Meyer enlaça os referidos elementos do gênero com convicção e coerência. A caracterização de situações e personagens é marcada pela crueza e pela complexidade psicológica, dispensando sentimentalismos fáceis e soluções escapistas. Por várias vezes a dupla de protagonistas Louise (Léa Seydoux) e Simon (Kacey Klein) é irritante em suas atitudes imaturas e conturbadas, mas é justamente por isso que ambos parecem críveis e perturbadores. A dureza existencial e artística com que Meyer conduz a narrativa não afasta o forte pendor humanista de “Minha irmã”. Pelo contrário: apenas ainda mais enfatiza o impacto emocional do filme. A contundente conclusão do filme sintetiza com perfeição essa visão de mundo, ao juntar de forma precisa o formalismo sem concessões de Meyer com um olhar amoroso sobre a relação entre dois personagens principais.

Nenhum comentário: